Rádio Prazer na leitura

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Romance de estréia de Diego Gierollett está no Wattpad e no Widbook


O romance de estréia do escritor Diego Gierolett está disponível na plataforma do Wattpad. A história sera postada capítulo por capítulo sem previsão dos intervalos das postagens. Anunciaremos todas as vezes que as postagens foram adicionadas ao site. Logo abaixo segue a sinopse do livro ao lado da foto de capa, juntamente com uma breve biografia do autor, com sua foto ao lado e o Link de acesso a história na plataforma do site Wattpad,



No final daquela rua existe uma casa; uma casa que intriga os moradores daquele bairro, uma casa que há mais de meio século está abandonada e não recebe qualquer tipo de manutenção que não seja dos vizinhos locais. Uma casa onde há quase um século moraram Celita e Antônio, o jovem casal que a construiu para servir como seu lar. Uma briga acirrada na justiça de uma outra época, um terreno onde antes havia um cemitério; a causa dada a favor do jovem casal; corpos enterrados que por desleixo dos familiares não foram transpassados para o novo cemitério da cidade; uma casa construída encima de corpos e almas que anseiam por descanso; dois assassinatos brutais. Na época atual, uma jovem que mora no mesmo bairro onde reside a velha casa abandonada, desde a sua tenra infância gosta de visitá-la constantemente, e agora, com seus 16 anos de idade, leva a pessoa com quem namora a dois anos em suas constantes visitas a casa. Ele também gosta do lugar, mas não sente-se tão bem quanto ela ao visitar o local. Dois jovens que por um acaso são levados para dentro da casa, e lá descobrirão o terror das almas perturbadas. Lembranças que visitam suas mentes constantemente enquanto permanecem lá dentro; pais preocupados com a demora de seus filhos para chegarem em casa; mistérios que são revelados e que nem os próprios jovens conseguem acreditar na procedência de tudo o que descobrirão. "Mistérios de uma vida" é o romance de estréia de Diego Gierolett, uma história cheia de suspense, terror e muito mistério.

Links abaixo para acesso ao site do Wattpad.

Prólogo
http://www.wattpad.com/story/18997412-mist%C3%A9rios-de-uma-vida-pr%C3%B3logo
Capítulo 1
http://www.wattpad.com/58684204-mist%C3%A9rios-de-uma-vida-capitulo-1

Diego Gierolett nasceu na cidade de Torres no litoral norte do Rio grande do sul,  em 2 de novembro de 1990, desde muito cedo foi sempre ligado com diferentes gêneros de artes. Já participou de peças teatrais, atuando como coadjuvante em a noviça rebelde e tendo o papel principal de Jesus Cristo por dois anos seguidos (2007, 2008) na encenação ¨A paixão de cristo¨ evento que reúne mais de 5 mil pessoas na cidade de Torres RS. Atuou como cantor e compositor, tendo gravado um disco com doze faixas, sendo 9 de sua autoria. Também atuou como radialista em diversas rádios de sua região. Por ultimo participou como ator coadjuvante em um filme produzido na sua própria cidade, chamado tudo é rock na aldeia. Como escritor, mantém desde infância a vocação por  textos e redações. Em sala de aula, professoras de português elogiavam seus manuscritos. Aos 14 anos chegou a pedir emprestado uma máquina de escrever para a diretora da escola que frequentava para redigir um livro infanto-juvenil chamado: De volta ao meu planeta. Diego Gierolett possui os Manuscritos até hoje, porém, o livro não foi concluído. E agora, nessa nova fase, Diego Gierolett  se encaminha para um mundo que desde muito cedo sempre desejou estar, o mundo literário.

domingo, 29 de junho de 2014

Matéria sobre Sthephen King


Uma boa matéria sobre um dos meus escritores favoritos!

Antiquada - Capítulo 2


As duas se entreolharam e ficaram em silêncio por alguns segundos; logo após sua mãe lhe disse:
– Mariana, minha filha, o psicólogo me disse que você tem uma síndrome e se chama síndrome de Diógenes.
Mariana sentiu-se abismada:
– Síndrome do que?!
– Síndrome de Diógenes, nunca ouviu falar sobre isso?
– Não!
Mariana estava surpresa, seus olhos ficaram arregalados e sua respiração ofegante. Sua mãe prosseguiu lhe explicando:
– Segundo o psicólogo, essa é uma síndrome que ataca principalmente idosos. Mas também pode atacar jovens como você.
Ela continuava a fitá-la sem entender ao certo do que ela estava falando; sua mãe prosseguiu:
– Essa síndrome faz com que a pessoa junte, junte e junte muitos objetos ao longo da vida. Especialmente objetos antigos. O psicólogo me falou que a sua síndrome não é aguda, existem casos em que as pessoas sentem vontade de catar objetos que veem até mesmo no lixo; e graças a Deus, esse não é o seu caso.
Mariana ainda estava abismada com a declaração de sua mãe; ela nunca se consideraria dona de uma síndrome como essas, isso seria uma ideia totalmente descartável e sem sentido, mas infelizmente, era o diagnóstico que o psicólogo havia lhe dado e que tristemente sua mãe estava repassando a ela. Ainda sem concordar com a ideia, Mariana rebateu:
– Mãe, esse cara não sabe o que diz! Isso é coisa da cabeça dele. Esses caras estudam tanto que...
Mariana ficou em silêncio e por um instante perdeu as palavras.
Sua mãe meneou a cabeça e respondeu:
– Minha filha, isso tem tratamento e você irá se tratar. Infelizmente isso não tem cura. Só agora entendo por que você guarda tantas coisas velhas, não é sua culpa, minha filha. É culpa dessa síndrome.
Mariana não gostou do que havia escutado, apesar de entender que era completamente compulsiva. Sentia que todos estavam chamando-a de louca ou coisa assim.
– Mãe, eu não sou louca, tá?! – Rebateu ela em sua linha de pensamento.
Calmamente, sua mãe respondeu:
– Ninguém está falando que você é louca! Você apenas tem uma síndrome; isso não é loucura. Leia mais sobre isso! Apesar de gostar de coisas antigas, eu sei que você vive mexendo em seu computador. Pesquise mais sobre esse tema, eu só posso lhe dizer o que o psicólogo me passou.
Mariana aquietou-se e segundos depois, respondeu:
– Está bem, mãe! Irei ler sobre isso, quero saber do que se trata. – Mariana pegou na mão de sua mãe com força – Mas, em se tratando dessa casa; você me ajuda a comprá-la?
Sua mãe meditou nas palavras de sua filha por alguns instantes, e logo após respondeu:
– Espere um pouco minha filha; irei falar com seu pai, vamos ver o que ele acha. Lembre-se que quem trabalha em nossa casa é seu pai. – As duas se entreolharam e sua mãe completou com um sorriso constrangido. – E agora, você.
Mariana abaixou a cabeça e decidiu não rebater; olhou para sua mãe novamente e falou com firmeza:
– Vamos embora?
Sua mãe olhou-lhe concordando com a ideia. Logo após, arrancaram o carro e saíram.
Mariana desceu do carro e seguiu até o portão de sua casa com a cabeça baixa e sem nem sequer conversar com sua mãe. Bateu a porta do veículo e parou ao lado do grande portão de ferro que ergueu-se com um clique do controle e com a força do robusto motor que ficava ao lado das plantações de margaridas de sua mãe, encostada no muro alto da casa. Mariana observou o carro entrando e dirigiu-se a passos lentos para dentro da residência enquanto o grande portão de metal se fechava lentamente sobre ela, como um monstro lento e preguiçoso. Seus olhos vagavam pelo carreiro feito de pedras de rio que sua mãe havia mandado fazer a alguns anos. Ela havia contratado uma boa decoradora para ver qual seria a melhor curvatura que as pedras fariam e por onde elas poderiam seguir sem perder a sua verdadeira elegância. Na verdade, não importava onde o caminho iria dar; o que importava para a mãe de Mariana era o quão elegante o caminho iria ficar.
– Ela não é tão diferente de mim. – Murmurou Mariana enquanto caminhava por cima do carreiro de pedras arredondadas que ia dar no local onde, agora, suas antiquarias estavam amontoadas.
Mariana lembrava-se que um arquiteto havia participado da construção daquele caminho. Ele fez todo o desenho do carreiro que começava no portão de ferro onde ela havia entrado, passava ao lado da entrada de veículos e cortava caminho por dentro do bem cuidado jardim de sua mãe. Depois foi a vez dos construtores. Mariana lembrava-se que sua mãe estava sempre observando a construção do caminho e chateando os pobres homens se algo não ficasse como estava na planta que o arquiteto havia feito, ou então se o caminho não tivesse ficando como a decoradora planejava. Os pobres homens tiveram que refazer o caminho umas quatro ou cinco vezes devido as muitas exigências de sua mãe.
Mariana seguia pelo caminho olhando as pedras cuidadosamente postas uma ao lado da outra, assim como sua mãe havia ordenado aos homens. Os construtores tiveram que ser muito bem remunerados para aguentar todos aqueles meses de serviço duro sobre as ordens de uma senhora chata e exigente.
Quando o caminho terminou, Mariana entrou na peça onde suas quinquilharias estavam guardadas e as encarou com atenção. Seus olhos eram tristes e ela se sentia sem rumo. A visita ao psicólogo e o que sua mãe havia lhe dito dentro do carro, haviam mexido muito com seus sentimentos. Era estranho sentir aquilo; sua cabeça rodava e por um instante ela pensou não sentir os pés no chão.
– Eu não sou doente! – Gritou parada na porta da peça e acocorou-se enfiando sua cabeça entre os joelhos. Não chorou, pois não quis chorar. Não precisava daquilo naquele momento. Logo depois levantou a cabeça novamente e olhou em direção a todos os objetos empilhados dentro da peça e disse com os olhos rasos d'água:
– Vocês não tem culpa disso. Irei cuidar de vocês. Eu prometo que irei comprar aquela casa e irei colocá-los em um bom lugar. Eu juro!
Os objetos a encaravam como se tivessem vida, olhos e sentimentos. Era isso que Mariana sentia. Para ela, cada um daqueles objetos tinha um coração e dentro deles, sentimentos. Ela não entendia como as pessoas conseguiam descartá-los depois de eles terem fielmente lhes servido durante, muitas vezes, muito tempo.
– Isso é injusto com vocês. – Disse ela, levantando-se de onde estava e entrando dentro da peça. Passou a mão sobre uma cômoda muito antiga e lascada em um dos lados, e com um dos pés quebrado. Lembrou-se do dia em que comprou aquela cômoda. Estava indo para o seu trabalho no consultório em sua cidade e o móvel estava do lado de fora de um dos Bricks que vendem coisas antigas em sua cidade. Lá estava a cômoda, reluzindo ao sol quente de novembro quando ela parou e passou a mão sobre a superfície feita com madeira de canela.
– É linda. – Disse para si mesma.
Porém, naquele instante, um pensamento lhe abateu instantaneamente. Era uma de duende.
Você precisa disso?
– Não! – Respondeu ela para a voz de duende que saía de dentro dela mesma.
Então porquê pensa em comprá-la?
– Não sei. – Disse ela. – Eu quero tê-la.
E tens alguma explicação para isso?
– Acho que ela está se sentindo só.
Eu sei o que você está sentindo, mas isso é loucura. Objetos não tem vida.
– Eles tem sim. E tem sentimentos. Eles se sentem só e ficam magoados quando seus donos os abandonam.
Não acredite nisso. Você ficará louca se pensar assim e todos irão querer lhe internar.
Mariana sorriu com tristeza e deu de ombros ao duende em sua cabeça. Não quis mais debater com aquela voz idiota, e sem hesitar, dirigiu-se ao balcão de atendimento do brick e perguntou o valor daquele móvel.
– Ele custa 250 reais dona. – Respondeu o vendedor não acreditando que ela levaria aquela quinquilharia que já ocupava a horas a frente de sua loja.
– Irei levar! – Respondeu Mariana, convicta do que estava dizendo.
O vendedor arregalou os olhos e respondeu, tão surpreso quanto uma mulher casada que estava transando com o irmão de seu marido e foi pega por ele na própria cama dos dois.
– Você está falando sério. – Disse ele.
– Sim! Porém quero que vocês entreguem em minha casa.
Com os olhos ainda arregalados, o vendedor pediu o endereço onde ela morava e quando Mariana o entregou, ele quase não acreditou que aquela jovem tão bonita morava em um bairro de classe alta da cidade. Ele ficou olhando atentamente para o papel escrito com caneta esferográfica que Mariana havia tirado de sua bolsa se perguntando o que uma menina tão jovem, bonita e rica faria com aquele móvel tão velho, rústico e sem graça.
– Irão levar em minha casa? – Perguntou Mariana, um tanto impaciente com a demora do vendedor para respondê-la.
– Sim! Sim! Iremos! Agora mesmo! – Disse ele um tanto desajeitado.
Mariana tirou de dentro de sua bolsa um pequeno maço de notas de cinquenta reais e o vendedor arregalou os olhos como se fosse colocar fogo nas notas só de olhá-las.
– Quanto vai ser o frete? – Perguntou Mariana, firme.
Gaguejando, o vendedor respondeu:
– Va... va... vai ser... cin.. cin... cinquenta re.. reais.
Os olhos dele pareciam duas labaredas de fogo e uma pergunta insistia em sair de seus lábios. Ele não resistiu e logo após, perguntou:
– Por que a senhorita quer um móvel como esse, se podes ter os móveis que quiser, novos em folha?
Os olhos de Mariana o encararam com firmeza. Ela possuía um semblante irritado e sentiu-se invadida pelo vendedor. Sem hesitar, ela respondeu:
– Seu trabalho é vender ou perguntar o que seus clientes vão fazer com o que compram de você?
O vendedor engoliu em seco e não respondeu, somente concordou com a cabeça e disse que em menos de uma hora estariam chegando em sua casa para fazer a entrega do móvel a ela.
Mariana pagou e saiu; o vendedor acompanhou-a com os olhos até vê-la sumir de vista quando dobrou em uma esquina próxima a loja. Longe das vistas do vendedor, Mariana pegou seu celular de dentro da sua bolsa e discou o telefone de sua mãe. Colocou o telefone no ouvido e dois bips foram o suficiente para ela atender. Mariana disse a sua mãe:
– Fiz uma compra de um móvel em um Brick e daqui uma hora estarão ai para fazer a entrega. Peça para a Janice receber para mim. (Janice era a empregada da casa. Fazia praticamente tudo e era tida como uma governanta, pois morava com a família de Mariana desde de seu nascimento. Inclusive, a mãe de Mariana havia contratado a mulher para cuidar de Mariana quando ela havia nascido. Os anos passaram e a moça que havia sido contratada com seus 20 anos de idade, hoje estava com seus 47, e já enxergava sua aposentadoria chegando a passos lentos, como uma velha senhora, com reumatismo e dor nas costas andando com um incomodo andador de alumínio)
Mariana desligou. E novamente aquela voz de duende surgiu dentro dela.
Você sabia que eles tem sentimentos?
Mariana deu de ombros e continuou caminhando. A voz continuou:
Interessante. Você é do contra. Faz o inverso que deveria ser feito. Trata bem móveis velhos e acabados e jura que eles tem sentimentos e trata mal as pessoas ao seu redor; pessoas que realmente tem sentimentos e coração.
– Cale a boca! – Exclamou Mariana a voz de duende.
E a voz se calou quando Mariana colocou os pés no consultório onde estava trabalhando.
– Não vou abandoná-los, está bem? – Dizia Mariana enquanto passava as mãos pelo tampo de madeira da cômoda que agora jazia empoeirada dentro da pequena peça escondida atrás da casa de sua mãe. – Não irei fazer como fizeram com vocês antes. Vocês estão protegidos aqui comigo.
Mariana continuou andando e passou suas mãos sobre uma cadeira de barbeiro ao lado de uma geladeira velha e enferrujada que ela havia comprado na cidade em que morou quando havia saído de sua casa para tentar a vida sozinha. Ficou olhando para ela e reparando nas bolas de ferrugem que brotavam como cravos em sua superfície pintada de branco. Recordou que aquele havia sido um dos primeiros objetos que havia comprado.
– Você está linda. – Disse ela, olhando para a geladeira, passando a mão sobre suas explosões de ferrugem. – Podemos dar jeito nisso. Nada que uma boa reforma não resolva.
Ela olhava para a geladeira como se a mesma entendesse o que ela estava dizendo. Em sua imaginação, a geladeira ouvia tudo o que ela dizia e sentia o carinho de suas mãos sobre ela.
Todos os dias, Mariana ficava pelo menos duas horas conversando com seus móveis que já se amontoavam dentro da peça que a sua mãe havia feito para usar como um ateliê para suas decorações.
Dentro da peça havia duas camas, uma de casal e outra de solteiro; uma delas estava com o pé quebrado e a outra não possuía mais as grades. Haviam sido compradas de uma senhora pobre que ia jogá-las fora por ter ganhado duas camas novas da assistência social da cidade. Mariana as comprou, alegando para sua mãe que queria somente ajudar a pobre mulher que estava passando por necessidades. A mãe fingiu acreditar no que a filha havia dito e resolveu não se intrometer no assunto. No dia em que um homem estacionou uma camionete na frente da casa da mãe de Mariana e com a ajuda de um outro rapaz forte e tatuado descarregaram as duas camas velhas e sem utilidades para dentro da peça onde um dia seria seu ateliê, a senhora decoração resolveu sair para fazer compras mesmo que não precisasse de nada para comprar. Tudo o que ela não queria era enxergar mais um lixo de Mariana indo habitar a casa que, com a ajuda de diversas decoradoras, demorou a ficar como ela queria. Por isso havia cedido aquela peça a ela. Ficava no jardim da casa e longe dos olhares das pessoas que vinham visitá-la; apesar de todas as amigas dela saberem que sua filha tinha problemas com objetos antigos. As vezes, nos chás que tomavam juntas, suas amigas perguntavam:
– Onde sua filha guarda todas essas coisas que compra?
Ela respondia:
– Aluguei uma casa para ela bem longe da minha, só para ela guardar todas essas tralhas.
Elas insistiam:
– Isso é um grande problema.
– Eu sei. – Respondia ela, desanimada.
– É uma doença. – Dizia uma outra amiga que também costumava ir até a casa dela tomar chá e falar sobre decorações e sobre a vida da socialite da cidade. Todas ela eram mulheres de empresários e advogados da cidade que confessavam trair seus maridos constantemente. Quando entravam nesse assunto, ela procurava desviar a conversa, pois era uma mulher muito discreta e achava que devia mais do que pensava dever, e ninguém, nem mesmo suas amigas, precisavam saber disso.
– Iniciarei um tratamento para minha filha. – Dizia ela, pensativa.
– Esperamos que dê certo. – Respondia uma das amigas.
E a conversa se estendia, por toda a tarde, enquanto Mariana trabalhava no consultório, e enquanto suas quinquilharias descansavam na peça atrás da casa onde a senhora decoração e suas amigas tomavam seus chás tranquilamente.
– Minha filha.
Aquela voz a surpreendeu. Era a voz de sua mãe. Mariana olhou rápido para o lugar de onde vinha a voz e viu a sua mãe parada na porta da peça, olhando-a com um olhar triste e melancólico.
– Você está bem? – Perguntou sua mãe a ela.
Mariana não respondeu, ainda estava assustada. A quanto tempo sua mãe estava ali? Não sabia responder. Estava tão entretida conversando com suas antiguidades que havia esquecido até de si mesma.
Os olhos dela encararam sua mãe que entrou dentro da peça obscura e pôs as mãos nos ombros de sua filha mostrando-se muito preocupada.

Deem uma conferida nessa mesma história em minha página no Wattpad. Siga o link abaixo:
http://www.wattpad.com/57112273-antiquada-capitulo-2

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Não percam!!! Promoção no clube de autores!

Não percam!!! Promoção no clube de autores. O livro Os três mosqueteiros fantasmas de Diego Gierolett está de R$ 26,25 por R$ 23,02 reais. Confiram essa ímperdível promoção do clube de autores e compre já o seu livro!!! Siga o link e compre já o seu!!!
https://agbook.com.br/book/167970--Os_tres_mosqueteiros_fantasmas

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A noite

A noite sentimos os mais sublimes sentimentos. A noite as criaturas saem de suas tocas e moradas, e vagueiam pelas encostas das almas. A noite vemos tudo o que não podemos ver durante o dia que nós vemos. A noite os pensamentos voam pelos céus escuros, iluminados somente pela lua e pelas estrelas. A noite olhamos através dos pensamentos da alma. A noite desejamos fazer aquilo que não podemos fazer quando a alma está aprisionada. A noite os sonhos se tornam realidade. A noite a realidade se torna sonho e nos embrulhamos na pré-morte. A noite resgatamos os elos espirituais e voamos pelas dimensões dos céus e das constelações. A noite temos a liberdade para ser, de certa forma, livres e felizes. A noite fechamos os nossos olhos e libertamos a nossa alma e subimos as escadas da verdadeira existência. A noite deixamos o nosso corpo e vamos em busca do que realmente nos faz feliz e completos. A noite a vida tem seu verdadeiro sentido e as flores desabrocham nos jardins da completa alegria. A noite o amor floresce e faz crescer seus ramos sem qualquer medo ou receio de ser feliz. A noite somos felizes, realmente felizes, se pudermos ser felizes. A noite... A noite... A noite...

domingo, 24 de novembro de 2013

Cativo

Esse conto é baseado em fatos reais, sobre um fato que ocorreu comigo; isso tocou-me muito e resolvi colocar no papel. Sinceramente, ao ver os olhos daquele triste passarinho, com seu biquinho escorado em sua gaiola improvisada de papelão, esperançoso em sua melhora, e ao mesmo tempo triste com sua situação, fiquei muito emocionado; e mais emocionado ainda em saber que algumas horas depois um cachorro o comeu, levando todas esperanças que ele tinha. Imagino que a essas horas ele esteja voando, liberto e feliz, em algum lugar do azul.




Seus olhos eram tristes e seu semblante melancólico demonstrava toda a dor que sentia em estar atirado no chão. Indefeso, sem saber o que fazer, lutava para subir morro acima antes que algum predador chegasse. Levantou os olhos, sua respiração ofegava, estava cansado, sua asa direita machucada o impossibilitava de voar. Com grande esforço ele alcançou a varanda da grande casa onde uma simpática senhora o viu e compadeceu-se dele; ela estendeu sua mão amiga e ele pôde ter alguma esperança. Ela improvisou uma pequena gaiola com papelão e lá o colocou. O compartimento possuía três buracos pequenos para ele poder entrar, e se quisesse, sair. Ela colocou algo para ele comer, porém, enjoado e sem fome, ele recusou. Logo, sentiu-se entediado, queria sair dali, voar, cantar, ser livre, sem estar cativo pelo seu próprio corpo; sua alma queria voar, mas estava presa dentro daquele instrumento físico, agora, praticamente inútil e pronto para ser entregue a algum predador. Era como ele se sentia, mesmo sentindo-se a salvos ali.
Por um instante saiu da pequena caixa e deu uma volta na área da casa simples e mal pintada; arrastava sua asa, precisava de ajuda; ouviu alguém dizer que o levariam a um veterinário, não sabia o que isso significava, mas sentia que planejavam realmente lhe ajudar. Quase sem forças entrou novamente em sua gaiola de papelão, sua asa doía, mas até que era suportável; sentiu-se novamente enjoado e uma tristeza o abate subitamente. Debruçou-se dentro da caixa e colocou seu biquinho no buraco recortado do papelão, deixando-o para fora da gaiola e permaneceu pensativo. Olhou para o céu, o dia estava nublado, seu olhos estavam tristes e chorosos; uma pequenina lágrima escorreu de um deles e, em um instante, adormeceu. Ao acordar, sentiu o sol bater em seu rosto e uma estranha alegria o sobressaltou. Estranhamente ele sabia que logo estaria liberto e poderia voar livremente para onde quisesse. Sua alegria foi tanta que resolveu sair para fora da pequena gaiola em uma desesperada tentativa de voar, mas a dor falou mais alto e a gravidade lhe venceu e ele caiu. Ainda estava pesado e sem forças, uma só asa não poderia trabalhar sozinha e a outra estava num caco só. Arrastou-se até o outro lado da área e aquele estranho sentimento ainda o envolvia. Era um sentimento de liberdade e de alegria e uma paz reinava dentro de si; era como se pudesse sentir o vento batendo em seu rosto enquanto voava pelo céu azul; porém, não estava voando; sua asa estava quebrada.
De repente, uma sombra projetou-se sobre ele e um medo apavorante deu lugar a doce paz que estava sentindo; porém, a sensação de liberdade não havia desaparecido, ainda estava lá, combatendo seu medo e toda a sua tensão.
“Tudo vai ficar bem, acredite, você vai voar, vai ser livre!”
Essa frase não saía de sua cabeça acompanhada de fortes estalidos em seu ouvido. Por um instante sentiu um bafo quente e um fungado mito forte que o sugou brutalmente para algum lugar; sua vistas escureceram e permaneceu assim, por alguns minutos. E depois, o silêncio.
– Maldito cachorro! - Gritou a senhora, enquanto ele se via voando por cima da casa com um grande bando de pássaros coloridos. Todos tinham suas asas quebradas, mas podiam voar, era difícil de entender. Como voavam? E, como ele voava? Sentiu-se abismado. A unica coisa que ele sabia era que a sensação de liberdade concretizara-se e ele estava voando, livre, sem qualquer amarra, e sua asa ainda estava quebrada.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Saiu no clube de autores a primeira coletânea de contos do novo autor Diego Gierolett "Os três mosqueteiros fantasmas. Não percam, sigam o link e confiram!!!

Não percam de conferir a primeira coletânea de contos de Diego Gierolett pela editora Fraternos. Os três mosqueteiros fantasmas. Como o próprio nome do livro já diz, são três contos de tirar o fôlego; uma mistura de suspense, amor e paranormalidade. O livro contém 112 páginas e está a venda no site do agbook e no clube de autores pelo valor de R$ 26,25 e em breve estará a venda também no site da amazon na versão Kindle. No agbook e no clube de autores você pode contar com a versão impressa e em PDF no valor de R$ 6,46.
Diego Gierolett nasceu em Torres no Rio Grande do sul e consolidá-se como parte da nova geração de escritores nacionais. Fã de Sthephen King, Walcir Carrasco e Paulo coelho, possui uma mistura evidente de gostos literários o que reflete muito em suas obras, onde podemos encontrar amor, espiritualidade e muito suspense e terror. Diego Gierolett é um autor que gosta de variar em suas obras e que nos promete um romance até o final deste ano. Segundo ele, mais um suspense de tirar o fôlego e que tem o título de "A casa". Vamos aguardar para saber o que nos reserva Diego Gierolett em seu primeiro romance. Mas, por enquanto, entregamos esta pequena, mas muito intrigante coletânea de contos que leva em cada uma de suas histórias o nome de cada um dos três mosqueteiros da obra de Alexandre Dumas (Domínio público), inclusive, o quarto mosqueteiro é nomeado em "Nota do autor", seguindo assim, o nome dos outros três nos contos, Lobo, A garagem e Sob Tensão.
Esperamos que todos possam desfrutar de uma boa leitura, que gostem do livro e que possam divulgá-lo afim de divulgar a literatura brasileira e seus novos e talentosos autores.
Segue o link para compra no site da Agbook.

https://agbook.com.br/book/167970--Os_tres_mosqueteiros_fantasmas


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Antiquada

Todas as noites ao deitar-se em sua cama, Mariana postava-se a olhar para o teto de forro amadeirado de seu quarto, conseguia analisar cada fissura, cada fiapo de madeira solta e cada pedacinho de tinta desbotada que o tempo havia corroído em seus longos anos de existência, parecia que enxergava cada acontecimento que, aquele teto antigo feito em madeira, poderia ter acompanhado, durante longos anos, no vazio aparente daquele recinto onde ela se encontrava.
Sua casa era antiga, seu último dono, um senhor simpático de sobrancelhas grossas, disse-lhe que o casarão passou de geração para geração em sua família, portanto, seria uma pena ele tê-la que vender para alguém que ele não conhecia e nem nunca ouvira falar o nome, mas felizmente, disse-lhe ainda, que apesar de não conhecê-la, ele sentia que ela poderia cuidar muito bem do presente que havia sido deixado por seu pai, e em uma geração antes por seu avô ao seu pai, e por seu bisavô para seu avô e de geração em geração em seus quase cento e cinquenta anos de existência.
Mariana sempre teve paixão por objetos antiquados, sempre foi frequentadora assídua de museus, sebos e briques de móveis antigos, desde quando morava com seus pais, pouco antes de concluir sua faculdade. Sua maior vontade era trazer todas as quinquilharias que pudesse comprar para sua casa, sua mãe sempre a advertia que não queria que ela ficasse trazendo objetos sem utilidade e que só ocupariam espaço dentro de seu quarto. Mariana via-se podada desde muito jovem, a construir seu pequeno lar antiquado dentro da casa de sua mãe, que sempre viveu cheia de ideias modernas e inovadoras e fazia questão de estampar isso em todos os cantos, principalmente na decoração interna da casa. Dois mundos bem diferentes no que poderíamos pensar ser uma relação no quesito mãe e filha.
Seu pai nunca dera muito palpite sobre as ideias de sua esposa e muito menos de sua filha, simplesmente, cumpria as ideias de sua esposa, por quê as ideias de sua filha, assim como sua esposa, ele achava um completo absurdo e perda de tempo, mas, simplesmente, não dava muita atenção, deixava para sua mulher o fazer por ele, justamente para não se passar por um pai chato e incompreensivo. Sua mãe exercia o papel de carrasca perante sua filha em função dos dois, ele trabalhava em um bom emprego, a única coisa que fazia questão era concordar com tudo que sua esposa ditava dentro e fora de casa, afinal, ela era rainha daquele lar.
Farta com todas essas amarras pessoais, Mariana decidiu que moraria com seus pais até terminar sua faculdade de odontologia, paga logicamente por eles, e depois tentaria abrir um consultório por conta própria, ao custo do suor de algum trabalho que lhe aparecesse.
Logo após ao término de seu curso acadêmico, contra a vontade de seus pais, Mariana saiu de casa para realizar logo todos os sonhos que vinha planejando, longe dos questionamentos dos seus pais. Ao sair de casa, Mariana gerou uma frustração e um arrependimento muito grande em seus pais, que se convenceram logo após o ocorrido, que não estavam sendo tão generosos com sua única filha. Prometeram-lhe tudo o que ela queria ter e nunca teve, mas ela os questionava incessantemente, dizia-lhes a todo o momento que isso teria que ser dado de coração, e não simplesmente para que pudessem amarrá-la ao lado deles, se nunca haviam deixado que tivesse o que queria, por quê deixariam agora?
Seus pais já imaginavam a algum tempo que poderiam estar sujeitos a fuga de sua menina, mediante a vários avisos antecipados por parte dela, e é claro que eles não poderiam manter seu pequeno pássaro cativo dentro de sua gaiola residencial por muito tempo, e principalmente após eles terem a ensinado a voar, mesmo podando suas pequenas asas a todo o momento. Mariana achou que a sua faculdade concluída lhe traria total liberdade profissional para poder ganhar todo o dinheiro que queria e realizar seu sonho de ter sua casa própria, do jeito como sempre a imaginou, longe de seus pais autoritários e exigentes. Infelizmente foi um tiro que saiu pela culatra.
Primeiro mudou de cidade, depois foi morar de aluguel, inicialmente com algumas amigas que conheceu na faculdade, mais devido a diferença de ideias entre elas, decidiu ir morar sozinha, o que fez com que a situação apertasse ainda mais. Conseguiu um emprego de atendente em um consultório odontológico, aceitou na esperança de ver seu curso reconhecido e que logo poderiam colocá-la para atuar juntamente com o dentista responsável, podendo exercer todas as habilidades que aprendeu em seu curso e estágios práticos na faculdade.
Na verdade a situação não era bem como imaginava, tudo o que conseguiu foi ser abusada por um brutamontes que dizia ser um exímio dentista. Dentro do consultório do próprio, constatou que o que realmente vira era muito diferente do que aprendera em sala de aula.
“Aonde está o respeito e o bom senso, ética então, não existe”. Era isso que pensava a todo momento logo após o ocorrido.
Mas isso podia ter acontecido devido a ter escolhido estar ao lado de um açougueiro mau-caráter e tarado. Resolveu ir embora novamente, voltou para a casa de seus pais, como dizem “com o rabo entre as pernas”, escondendo, lógico, tudo o que sofrera em sua estada longe de casa. Contou a seus pais todas as partes boas que viveu, preferindo levar as ruins, um dia, para o túmulo.
Os anos se passaram e o sonho de ainda ter a sua casa cheia de antiquarias e coisas antigas martelava em sua cabeça. Logo começou a trabalhar em um consultório odontológico em sua cidade, de onde começou a pensar que nunca deveria ter saído. Morava com os pais, hoje com uma certa liberdade dada por sua mãe, que até havia feito questão de arrumar um lugar em sua casa para sua filha poder expressar toda a sua paixão por objetos antigos. Mariana visitava briques, comprava um móvel e outro, frequentava sebos e museus onde vendiam peças centenárias, livros e vinis em boa qualidade e ela os comprava por preços notavelmente baratos. Em pouco tempo, Mariana estava com um acervo gigantesco em sua casa e sua mãe já começara a reclamar de tanta bagunça. Os problemas novamente começaram.
Ela se viu, novamente, aos trancos e barrancos com a mãe que até aquele ponto, não aguentava mais dividir sua casa com os cacarecos da filha, que já tinham tomado conta do pseudo quarto dado a ela, exclusivamente para colocar suas “tralhas”. Como previam, já havia lotado o quarto da filha, e já estavam dividindo a casa ao meio, formando uma notável parede de moveis antigos com caixas e mais caixas de livros e discos de vinis empilhados, todos comprados em sebos na cidade e em cidades próximas. O acervo estava começando a ficar imensuravelmente grande e sua mãe estava começando a se arrepender de ter trazido sua filha de volta para casa.
- Se em menos de um ano já juntou isso tudo, imagina se ela morar conosco o resto da vida? - Dizia a mãe de Mariana a seu marido que fazia um gesto com as costas como se dissesse: “Fazer o quê?”
Ao notar os esbravejamentos da mãe, Mariana se deu conta que o seu tempo naquela casa estava próximo de acabar e que a convivência com seus pais estava começando a ficar insuportável, principalmente com sua mãe, com quem dividia maior parte de seu tempo. Perdida em meio a seus objetos pensava: “Tenho que comprar uma casa para mim, uma casa onde eu possa conviver em paz e que seja totalmente a minha cara, onde a minha mãe não esteja torrando a minha paciência e nem eu possa ver a cara de pastel de meu pai ao vê-la reclamar toda a sua impaciência. Ela sabe que sempre fui assim, até já tentei me controlar, mas não consigo, parece compulsão, mas ainda quero adquirir um número significativo de objetos, já os vi em um catálogo que achei no para-brisa de um carro.”
Alguns meses se passaram e Mariana havia começado a guardar o seu dinheiro, que ganhava mensalmente, ao custo de seu trabalho no consultório, como atendente. Em menos de um ano, ela conseguiu guardar uma quantidade significativa, devido a sua mudança de cargo. De atendente ela havia passado para uma verdadeira profissional da área odontológica, onde conseguiu finalmente, depois de todo esse tempo, exercer a função na qual se formara.
No entanto, continuava mantendo certos desentendimentos com sua mãe, devido ao excesso de objetos que haviam tido um aumento demasiadamente grande. Devido a isso, resolveu construir um galpão de madeira no pátio de sua casa, para alojar todas as suas quinquilharias. Sua mãe, vendo-se sem mais perspectivas para convencer a filha quanto a seus exageros, resolveu marcar uma consulta, contra a vontade de sua filha, com um psicólogo para saber se a sua filha realmente tinha algum tipo de compulsão por este tipo de coisa.
Mariana relutou muito em consultar-se, dizia que sua mãe estava ficando louca de vez, mas suas tentativas foram em vão, sua mãe a venceu pelo cansaço e para fazer com que ela parasse com seus pedidos apelativos, decidiu ir até a consulta. Logo depois de terminada a conversa com o psicólogo, ele chamou a mãe de Mariana que havia acompanhado a filha até o consultório.
-Tenho uma notícia para você.
Ela arregalou os olhos e disse preocupada, enquanto sua filha esperava dentro do consultório:
-Algum problema doutor?
-Bem...- O psicólogo demonstrava calma.- Conversando com sua filha, aparentemente ela é uma menina normal, fez faculdade, é superinteligente, mas...
Fez-se um silêncio que perturbou a mãe de Mariana:
-Fale doutor!
Impulsionou ela.
-Sua filha possui uma síndrome chamada síndrome de Diógenes.
Sua reação foi de completo espanto, arregalou os olhos perguntando:
-O quê? O que é isso doutor?
-É uma síndrome que se caracteriza pelo acúmulo de objetos, geralmente antigos, que não possuem utilidade. Sua filha é muito nova para ter este tipo de distúrbio que, geralmente se dá entre idosos, mas tenha sorte que ela não anda catando lixos por ai. Você me disse que ela compra as coisas que possui em lojas especializadas, em alguns casos as pessoas juntam coisas velhas e que foram descartadas por outras pessoas para o seu uso ou simplesmente para tê-las alegando que isso é de grande utilidade.
-Mas é quase isso que acontece com minha filha, ela compra e compra esses objetos antigos, mas nenhum deles possui nenhuma utilidade.
O médico deu um leve sorriso e prosseguiu:
-Bem, sua filha é uma compulsiva de luxo, ela não gosta de juntar coisas, mas sim de comprá-las e me disse também que está juntando dinheiro para comprar uma casa, obviamente, antiga e um belo carro modelo anos 50, e disse que só assim poderá tirar todos os seus objetos de sua casa.
Ao ouvir as palavras do psicólogo a mãe de Mariana ficou pensativa e logo perguntou:
-Existe algum tratamento para essa síndrome doutor?
O médico abaixou a cabeça, pensou um pouco antes de falar, fazendo com que a mãe de Mariana pudesse compreender seu discernimento.
-Não. Isso é uma compulsão, não existe tratamento, só o amor, carinho e, principalmente, compreensão da família poderão ajudá-la.
O médico abaixou a cabeça novamente ao vê-la se fechar em pensamentos consequentes do que havia lhe dito, depois deu um sorriso discreto lhe sugerindo:
-Posso lhe dar uma dica?
A mãe de Mariana foi toda ouvidos:
-Sim, preciso de uma.
-Ajude-lhe a ter essa casa. Ela me disse que já possui um bom dinheiro guardado, quem sabe assim, ela sentirá que vocês realmente se importam com ela, pois pela conversa que tive com ela, ela está achando que vocês não dão a miníma para o que ela pensa ou sente.
A mãe de Mariana o olhou atravessado, o médico rebateu em palavras seu olhar:
-Isso foi só o que ela me disse, não me julgue por nada, só a escutei e lhe orientei, quero que ela venha toda a semana em meu consultório, esse é o único tratamento que poderemos oferecer a Mariana, além do amor e compreensão de vocês.
Ela ficou pensativa novamente, com um sorriso no rosto, apertou a mão do médico e agradeceu pelos serviços prestados. Mariana foi chamada para fora do consultório, logo entraram no carro e sua mãe debateu com sua filha o que o psicólogo havia lhe dito, mas sem contar a ela o verdadeiro diagnóstico que o médico lhe revelara. Mariana não concordou muito, embora em seu íntimo sentisse que era realmente compulsivo seu problema.
Seguiram por ruas e avenidas até Mariana pedir para sua mãe parar em frente a uma casarão visivelmente abandonado, que ficava em uma rua isolada numa área suburbana da cidade. Com o carro parado em frente a velha casa, Mariana apontou em direção da antiga construção e muito empolgada disse a sua mãe:
-Olha lá mãe, eu nunca lhe falei, mas essa é a casa de meus sonhos.
Sua mãe sentiu um nó apertar sua garganta, teve vontade de repreender sua filha, mais logo lembrou das palavras do psicólogo.
“Carinho e compreensão”
E logo se voltou a ela com um sorriso no canto de sua boca.
-Nossa filha, que casa grande, mas está completamente abandonada.
-Sim, andei me informando sobre ela. Tem mais de 150 anos e me parece que sempre pertenceu a mesma família e foi passada de geração em geração, o dono é um senhor de muita idade e não mora na casa, possui uma outra residência no centro da cidade.
Sua mãe abismou-se com as descobertas da filha e de onde ela havia conseguido tantas informações sobre aquela velha construção. Logo questionou:
-Mas filha, se essa casa já vem de longa data sendo da mesma família e passou de geração para geração, seria estranho esse senhor querer vendê-la. Não descobriu se nada aconteceu nessa casa?
Mariana olhou-a atentamente dizendo-lhe:
-Mãe, eu descobri que esse senhor nunca teve filhos, seus 4 irmãos já morreram e só restou ele, isso quer dizer que ele não tem para quem passar a casa. A única solução é vendê-la e eu já juntei um bom dinheiro, acho que posso dar uma entrada nela.
Sua mãe a olhou pensativa, esforçou-se para não dizer o que realmente achava, mas suas palavras foram inevitáveis.
-Filha, acho que será um desperdício de dinheiro comprá-la.
Mariana olhou seriamente para sua mãe, desaprovando seu argumento:
-Eu acho que devo comprá-la, ela é perfeita para mim. Além do mais, você vive reclamando de minha estada em sua casa. Já tenho o dinheiro de uma possível entrada e estou pensando em falar com o dono da casa. Como estou trabalhando, acho que não existe problema nenhum em financiá-la.
Sua mãe colocou as mãos sobre a cabeça, tentando se conformar com o raciocínio da filha, e mais uma vez lembrou-se do que o psicólogo lhe falou. Logo depois argumentou:
-Está bem filha, vamos ver o que podemos fazer, te ajudarei se for preciso, mas antes quero lhe falar o diagnóstico do médico quanto a você.
Por um momento Mariana encheu-se de alegria, aconchegou-se perto de sua mãe e deu-lhe um beijo no rosto, com um sorriso que ia de orelha a orelha. Pela primeira vez, sentiu sua mãe concordar realmente com algo que lhe propusera. Em sua euforia, quase esqueceu-se do que sua mãe tinha para lhe dizer, que, consequentemente, era de suma importância para ela.

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Quanto tempo será necessário

Quanto tempo será necessário, para entendermos que o tempo nos cura, portanto, não devemos perdê-lo em nenhum tempo onde não estejamos evoluindo nesse tempo.

Quantas vidas serão necessárias, para aprendermos que não podemos desperdiçá-la em sentimentos e atos fúteis que arruinarão as próximas vidas que teremos depois desta vida que estamos vivendo.

Quantos amores serão necessários, para aprendermos que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, mas para fazer isso, precisamos em primeiro lugar nos amar, podendo amar ao próximo nos amando firmemente.

Quantas lutas serão necessárias, para aprendermos que sem luta não chegamos a nenhum ponto onde queiramos estar sem ter que precisar lutar por isso.

Quantos tombos serão necessários, para aprendermos a nos levantar e prosseguir caminhando, esperando um próximo tombo para poder evoluir o que não evoluímos no tombo anterior.

Quantos sonhos serão necessários sonhar, para aprendermos que os sonhos nos avisam de algo sublime e majestoso que sonhamos, mas não nos damos conta por quê para nós não passam apenas de meros sonhos que sonhamos.

Quantas palavras serão necessárias, para descobrirmos que as palavras nos fazem evoluir, mas muitas vezes as ignoramos, por não termos como comprovar que são apenas muitas palavras alicerçadas numa fé descoberta simplesmente em muitas, pequenas, grandes ou simples, palavras.

Quanto tempo será necessário, quanto tempo...

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Arrogância no supermercado


Um dia desses fui comprar algumas coisas que precisava no supermercado. E quando estava na fila do caixa para ser atendido me deparei com uma cena muito chata. Uma senhora de aparência elegante e um porte de madame com roupas aparentemente finas e de grife xingando a pobre funcionária do supermercado. Até então eu não sabia o motivo da sua discussão, mas percebi que a senhora de aparência fina não estava sendo atendida naquele momento e sim uma outra moça, jovem e bonita,que ouvia de perto os esbravejamentos daquela madame . Era um horário de pico, beiravam mais ou menos dezenove horas, o supermercado estava muito cheio, e havia poucas operadoras para atender toda aquela gente. Fui me aproximando e descobri que o motivo da discussão era a demora no atendimento.
-Por quê você tem que me atender agora! Eu tenho um compromisso importante... Irei processar esse Supermercado, já fazem mais de meia hora que estou aqui... Blá, blá, blá... 
Entre diversas palavras ofensivas.
A menina já estava a beira de um ataque de nervos e vi nos seus olhos duas labaredas ardendo em raiva, mas tentava abstrair toda aquela situação. Eu já não estava me aguentando, foi quando olhei para os lados e percebi que a maioria das pessoas não estavam dando atenção para o que estava acontecendo, alguns olhavam ridicularizando da vergonha alheia, outros ficavam bravos, mas nem sequer abriam a boca para pronunciar alguma defesa a funcionária que ali estava, se sacrificando o máximo possível para suprir á nossa ansiedade momentânea.
 Percebi também que apesar de toda a minha indignação, também não estava fazendo muito para evitar a humilhação e o constrangimento daquela humilde trabalhadora. 
Finalmente a madame foi atendida, mas ao mesmo tempo resmungava enquanto colocava suas coisas no balcão, uma outra funcionária superior, supervisionava de perto o trabalho da garota e pedia arrogantemente para a ela passar mais rápido os produtos. 
Naquele instante raciocinei: 
Como em certos momentos somos tão medíocres a ponto de presenciar uma cena dessas e não dizer absolutamente nada. Como em muitos casos somos  tão individualistas a ponto de deixar aquela estúpida senhora ir embora sem um belo exemplar de humildade. Temos muitas vezes que aceitar pessoas arrogantes e mal educadas coordenando nossos atos, nos chefiando,  em cargos ou posições ditas mais elevadas que as nossas. Estão em todo lugar, no trabalho, em casa na rua, no shopping... pessoas de todos os tipos, as que fazem e acontecem, e as que fingem e nada veem.
Sai totalmente chateado daquele ambiente, sabendo que naquele momento fiz parte do segundo grupo que citei.

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A idosa e o motorista


Uma senhora sobe no ônibus e pergunta ao motorista.
-Pra onde vai esse ônibus senhor?
-Vai para o Bairro Bom fim minha senhora.
 Responde um tanto exaltado o motorista, visto já se encontrava na hora exata de sair do ponto.
-É que eu queria pegar um ônibus que fosse justamente para esse bairro. O senhor podia me levar?
 -Mas é claro senhora, pode subir. A velha senhora sobe no coletivo, muito devagar, e o motorista se vê ansioso por  ainda não haver encontrado o tempo necessário nem para fechar a porta.
 -O senhor pode me dar uma ajuda?
O motorista interiormente irritado, mas com um singelo sorriso responde.
-Sim senhora.
Ligeiramente ele se levanta do seu banco e estende a mão a velha senhora que com dificuldade consegue subir até o ultimo degrau do ônibus.
- O senhor pode me levar até aquele banco ali, mais alto?
O motorista que já se preparava novamente para sentar e finalmente arrancar o ônibus engoliu em seco sua indignação, juntamente com os olhares atravessados dos outros passageiros que se encontravam impacientes com tal situação. Levou a idosa até o banco que desejava sentar. Finalmente, depois desse tempo despendido, já com quase dez minutos de atraso, antes do motorista sentar mais uma vez em seu banco, ela o chama mais uma vez:
-Seu motorista.
Ele gelou, seu coração foi na boca, não sabia se aguentaria mais uma petição, sua generosidade tinha alcançado o clímax.
-Fale minha senhora.
-Pra onde vai esse ônibus mesmo?
-Vai para o bairro Bonfim, minha senhora.
Os lábios dele tremiam só em imaginar o que ela estava pensando.
-Nossa acho que peguei o ônibus errado. Eu queria ir para o Moji, é a idade meu filho, eu tô meio surda sabe, mil desculpas. Me ajuda a descer ?
O sangue subiu nas veias, engoliu em seco e o ritual novamente recomeçou compartilhado com a indignação de todos naquele recinto, principalmente dele que iria chegar mais de vinte minutos atrasado em seu destino. Alguns mesmo indignados pelo atraso comentavam.
 -O importante é que ele fez uma boa ação. Não sei se eu teria paciência como a dele.
 Depois de toda a situação, arrancou o ônibus, indignado e viu do outro lado da rua a senhorinha sorrir e sacudir a mão agradecendo toda a sua generosidade e paciência, sentiu um aperto no peito, ficou triste por não haver sido de coração, consequentemente abaixou os olhos, logo depois ergueu a cabeça novamente e prosseguiu seu itinerário, triste pelo fato de haver-se irritado tão facilmente com aquela velha e inocente senhora, mas apesar de tudo percebeu que havia aprendido uma grande lição naquele dia.
A humildade anda de mãos com a generosidade.

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